segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O teatro é dinâmica”
A arte de encenar é uma das formas mais ricas de comunicação. Estes exercícios aqui apresentados poderão ser um incentivo e motivação para criar grupos de teatro. Veja como é fácil teatralizar. Sugerimos que se convide alguém especializado e se promova uma oficina de teatro na escola ou no grupo


Construindo o circo

É aconselhável, para fazer os exercícios propostos, preparar devidamente o local. Há diversas possibilidades: palco de teatro; sala enfeitada com cartazes e faixas sobre o tema; chão desenhado com giz para transformar o ambiente em lugar apropriado etc.
Oferecemos algumas sugestões para construir um circo. O circo relembra momentos felizes e descontraídos da infância.

Material necessário:

- tiras de papel ou plástico compridas e resistentes;
- barbante de nylon ou de algodão;
- arame fino;
- martelo, alicate, tesoura.

Como fazer:

1 - Corta-se um número suficiente de tiras grandes (de cinco a dez metros, de acordo com o tamanho que se queira dar ao circo) de modo a cobrir o espaço desejado.
2 - Fazer o eixo central redondo de arame ou barbante.
3 - Ata-se uma das pontas das fitas ao eixo central.
4 - Pendura-se o conjunto, tendo, assim, o lugar do mastro central e o centro da lona.
5 - Prendem-se as pontas sobrantes das fitas no chão.
6 - Para dar o acabamento final, passar fios de barbante entre as fitas à distância de mais ou menos dois metros, dando um formato redondo-oval ao conjunto, como mostra o desenho.
7 - Colocar almofadas e escolher um bom aparelho de som com opções de fitas ou cds. Agora é só escolher um palhaço para a animação!



1º Aquecimento

Descrição:

Estando todos devidamente instalados no circo, o coringa ou animador, motiva para uma partilha sobre as lembranças despertadas pelo circo. O que mais atraía? Todos são convidados a falar.

A seguir, bate-se um papo sobre a figura do palhaço. O coringa pode utilizar estes elementos:

- palhaço é figura do anti-herói;
- trapalhão, pois não tem compromisso com o “certinho”;
- brinca com a vida e dela é eterno aprendiz;
- bonito, porque é alegre;
- quanto mais espontâneo for, mais adorável se torna.
Todos, em sintonia com o ambiente, dançam livremente, orientados pelo coringa. Com uma música, despedimos nossa timidez, repressão e vergonha.
Possibilidade de aplicação:
- descontrair;
- criar necessidade de expressão;
- criar clima para participação;
- preparar atividades posteriores.

2º Cumprimento de orelha

Descrição:

Cumprimentar-se mutuamente com as orelhas.
Mãos para trás; música de fundo...
1... 2... 3... Começando!
Após todos terem se cumprimentado, convidá-los a retornarem aos seus lugares.
Possibilidade de aplicação:
- aquecer;
- descontrair;
- desinibir;
- quebrar barreiras.

3º Mexendo o corpo

Descrição:

Estando todos de pé, o coringa os convida a caminhar em círculo, batendo palmas compassadamente.
A seguir, continuar batendo palmas e caminhar na ponta dos pés...
Bater palmas, caminhar na ponta dos pés e mexer o quadril.
Bater palmas, caminhar na ponta dos pés, mexer o quadril e movimentar os braços...
Bater palmas, caminhar na ponta dos pés, mexer o quadril, movimentar os braços e girar a cabeça.
Para terminar, fazer tudo isso e cantar: tarará... tum-tum, tarará, tum-tum...
Possibilidade de aplicação:
- destensionar;
- aquecer;
- criar clima de concentração.

4º Hipnose

Descrição:

Todos ficam de pé, em duplas, um defronte do outro.
Tirar “par ou ímpar”. Quem ganhar, coloca a mão a um palmo do rosto do outro.
O coringa diz: “vamos fazer o exercício do poder. Vamos hipnotizar o outro!”
Com movimentos lentos no início, aquele que está “mandando”, vai levar o outro por onde quiser.
Irá “hipnotizando” o outro com o exercício das mãos, sem tocá-lo. Nunca esquecer a distância de um palmo do nariz do outro.
É importante o coringa ir lembrando que cada um é “responsável pelo corpo do outro”.
1... 2... 3... Começando!
Música de fundo pra ajudar a concentração. Manter silêncio.
Depois de mais ou menos quatro minutos, o coringa motiva para se inverter a posição e se recomeça o exercício: 1... 2... 3... Começando!
Terminando, assentados, provoca-se a discussão: Que sentiu? Que posição preferiu?
Continuará a dinâmica com o exercício mútuo de “hipnose”: mandar e obedecer ao mesmo tempo. É um jogo de entrosamento sincronizado: “você olha a mão do seu parceiro e ele olha a sua”.

Possibilidade de aplicação:

- aquecer;
- preparar para atividades posteriores;
- trabalhar temas específicos, por exemplo: relação de poder, comunicação, coordenação, relação pais e filhos etc.;

Termina-se o exercício recolhendo as reações dos participantes.

DINAMICAS

BOLINHAS VIVAS
Objetivo:  Promover estreitamento das relações interpessoais, integração grupal; tomada de decisões; soluções criativas; liderança; grau de desperdício.
Material: Bolinhas de tamanhos, cores e materiais diferentes.
Grupo de pé e em círculo. Do centro, o instrutor dá a cada participante um número seqüencial de 1 a te o total de componentes, cuidando para que o seguinte seja sempre oposto ao anterior. Exemplo: número 1 de um lado, número 2 de outro, e assim sucessivamente. Após todos terem memorizado seu número, avisa:
“Todos vocês fazem parte de uma empresa que está fabricando um produto (que são estas bolinhas) que está despertando a atenção do mercado, pelo alto grau de qualidade e rapidez com que estão sendo processadas as diversas fases. Cada número é uma fase. Hoje estamos recebendo a visita de uma empresa japonesa que veio ver este processamento de perto e comprar os produtos e know-how. Temos de fazer bonito! Para isto, vamos ter algum tempo para praticar e ver se melhoramos o tempo, contemplando a qualidade, já que fomos informados de que a fábrica da esquina conseguiu os mesmos resultados de qualidade em tempo bem menor que o nosso. O japonês vem primeiro visitar a nossa fábrica. Temos de estar melhores que os nossos concorrentes! Vou entregar uma bolinha ao número 1, que deverá passar ao 2, e assim por diante. Quando a bolinha chegar nas mãos do último, este deverá repassá-la ao Gerente (que no caso é próprio instrutor)”. Avisa que o tempo será cronometrado a partir de agora. Assim que o grupo estiver bem sintonizado com a tarefa, ou demonstrar sinais de querer modificar suas posições no círculo, o facilitador permite e anuncia que os resultados foram tão bons que a gerência resolveu introduzir mais alguns produtos (e vai entregando as outras bolinhas sem muitos intervalos).
As pessoas começam se deslocar, sob a orientação de alguém (liderança), em posições seqüenciais por número.
Costumam “pedir licença” antes de tomar iniciativa da mudança.
As bolinhas de menos peso, menores ou as maiores, ao caírem costumam permanecer no chão, nem sempre sendo retomadas; alguns até as chutam sutilmente para trás.
As pessoas preocupam em
melhorar seus escores.
No momento do fechamento, o instrutor deverá fazer seu levantamento sem, no entanto, nominar as pessoas que se destacaram ou não.
É importante colocar questões como:
- Grau de satisfação com o resultado final;
- Estilo de liderança adotado;
- A pressão do tempo como influenciador na tomada de decisões;
- Grau de motivação dos participantes. Motivos que levaram as pessoas a
se interessarem pela atividade;
- Grau de desperdício dos produtos rejeitados. Qualidade é só do produto final? E os custos que vêm embutidos?
- A procura da comodidade (bolinhas mais fáceis de serem conduzidas).
COMUNICAÇÃO
VOCÊ ESTÁ ESCUTANDO ?
Objetivo: Trabalhar a importância de perceber o outro, valorizando-o.
Material: Cartões com as instruções.
Formar duplas. Numerar os participantes de cada dupla com os números 1 e 2, aleatoriamente.
Unir todos os participantes que receberam o número 1 e dar-lhes estas instruções: Você irá contar uma história ao seu par. Pode escolher uma história real da sua própria vida ou criar algo. Mas a sua tarefa é contar essa história ao seu parceiro do começo ao fim certificar-se de que ele compreendeu bem o que você contou.
Unir os participantes que receberam o número 2 e dar-lhes instruções individuais, pois cada um deles desempenhará um papel diferente em sua dupla. Todos os papéis têm o objetivo de interferir na comunicação, dificultando-a.
Sugestões de papéis:
- Dê palpites sem ser solicitado durante o relato do seu parceiro.
- Interrompa freqüentemente seu par, impedindo-o de chegar ao fim de sua história.
- Mude de assunto várias vezes durante o relato do seu par.
- Não responda, nem pergunte nada durante todo o relato.
- Peça constantemente ao outro que repita o que acabou de falar.
- Procure contar uma história melhor do que a que seu par está contando.
- Observe o resto da sala enquanto o seu par está falando.
- Ria e ache graça quando o seu par falar sério.
- Faça perguntas sobre todos os detalhes da história.
Todas as duplas cumprem o que foi proposto ao mesmo tempo.
O coordenador observa o grupo e determina o final da atividade ao perceber que a maioria das duplas concluiu a tarefa ou já se encontra suficientemente mobilizada. Abrir plenário para que cada dupla exponha para o grupão o que aconteceu durante a execução da atividade e como está se sentindo. Pedir que falem primeiro todos os participantes de número 1.O coordenador deve certificar-se de que os participantes estão expressando realmente o que sentiram enquanto contavam a própria história.Dar a palavra aos participantes de número 2 solicitando que falem inicialmente sobre os sentimentos, se foi fácil ou difícil desempenhar o seu papel e por quê, para só então relatar para o seu par e para o grupo a instrução recebida. Depois de explorar os comentários sobre a atividade, ampliar a discussão para os seguintes pontos:
- Como você se sente quando alguém não escuta você?
- É difícil para você escutar o outro? E falar de si?
- Que atitudes no outro facilitam a sua expressão?
Observações:
Uma alternativa na forma de execução da tarefa pode ser, em vez de pedir a todas as duplas que realizem a tarefa ao mesmo tempo, solicitar que cada dupla se apresente para o grupão. Esta alternativa pode ser utilizada em grupos menores, pois em grupos maiores corre-se o risco de se tornar cansativa e dispersar a atenção dos participantes. Esta dinâmica não só trabalha as questões relativas à comunicação como mobiliza conteúdos dos participantes referentes ao ouvir, falar e ser escutado, delicadeza no trato, auto estima… É necessário que o coordenador esteja atento para o emergir dos conteúdos, os pontos que foram mais fortes no grupo.
Evitar a realização desta dinâmica em grupos agressivos e cujas regras ainda não estejam devidamente estabelecidas e os limites não sejam observados. Em alguns grupos em que escutar e ser escutado surge como uma questão premente a ser trabalhada, ela pode ser usada como uma atividade detonadora, porém, exigirá ao coordenador cuidados e atenção especiais.
LIGADO EM VOCÊ
Objetivo: Comunicação, conscientização, eliminar fofocas.
Material: Pedaços de barbante amarrados nas extremidades de modo que se possa encaixar uma mão. Os barbantes devem ter mais ou menos 70 cm. (Levar o material pronto para agilizar). Colocar um barbante em cada participante de modo que ao ser colocado, um passe por dentro do outro, se cruzando ao meio. O resultado esperado é que a dupla consiga se soltar sem tirar o barbante dos punhos. É importante perceber a comunicação durante o exercício e anotar todas as frases que escutar de cada dupla. Se a turma estiver com número ímpar de pessoas ou alguém já conhecer o exercício, peça que o ajude nas anotações. Fazer o fechamento falando do cuidado que devemos ter com a comunicação verbal, ao usarmos palavras e frases que causem duplo sentido, etc.
Observação: Para se soltar basta pegar a ponta do seu barbante que está entrelaçado com o do colega, geralmente, está no centro dos dois barbantes e passar por baixo do amarrado do pulso do colega no sentido de dentro pra fora e depois passar por cima da mão do colega, aí é só puxar.
EMPRESA MALUCA
Objetivo: Avaliar a comunicação do grupo; trabalho em equipe na busca de objetivos comuns; percepção.
Material: 3 cartolinas brancas, lápis de cor, giz de cera, régua, lápis preto, borracha, cola, tesouras.
Serão formados 4 grupos de aproximadamente 4-5 pessoas. Cada participante do grupo irá receber uma informação confidencial. O instrutor deverá distribuir papéis dobrados com as informações confidenciais. A tarefa do grupo será de cada grupo será montar o maior número de tabuleiros de xadrez possíveis, com perfeição e rapidez num prazo de 20 minutos. Pedir ao grupo para eleger um Diretor, Gerente de RH, Gerente de Produção, Supervisor, Operário.
Observação: Informações confidenciais:
- A partir de agora você é surdo e mudo.
- A partir de agora você é cego.
- A partir de agora você é doido.
- A partir de agora você é o líder.
NOSSO PROJETO
Objetivo: Vivenciar o processo de interferência na comunicação.
Material: 1 flip-chart com papel, pincel, papel ofício e canetas para todos os participantes.
O instrutor, inicialmente, fará um desenho abstrato com figuras geométricas e rabiscos em posições diversas.
Pedir um voluntário para fazer a leitura do desenho, que será chamado de projeto. Os demais deverão, sem ver o desenho, reproduzi-lo a partir do que entenderem. Ao final será avaliado o grau de eficácia na comunicação existente naquele grupo. O voluntário poderá repetir a leitura do desenho se quiser, porém, não poderá perguntar aos demais se entenderam, pois eles não poderão se comunicar com o voluntário.
ESCOLHA CUIDADOSAMENTE SUAS PALAVRAS
Objetivo: Expressar os pensamentos e sentimentos através do uso de frases que permitam uma boa comunicação.
Material: Papel ofício e lápis preto.
Grupo em círculo, em pé. Formar duplas e sentar-se, espalhadas pela sala. Dar a cada dupla uma folha de papel e um lápis. Pedir que listem todas as frases que ouvem freqüentemente no seu dia-a-dia e que consideram agressivas, ofensivas ou que causem desconforto. Tempo para execução. Pedir a cada dupla que de todas as frases escritas/listadas, escolham a mais forte para apresentar ao grupo. Quando todas as duplas tiverem escolhido sua frase, pedir que encontrem uma forma clara e gentil de dizer a mesma coisa.E Cada dupla lê para o grupo a frase original e a frase transformada.
Plenário: o grupo comenta o que descobriu ao fazer as comparações entre as maneiras diferentes de dizer a mesma coisa, refletindo sobre diferenças entre as frases originais e transformadas e os sentimentos após elas.
Observação:
Através deste trabalho, as pessoas podem perceber formas diversas de dizer o que sentem sem ofender os outros. É possível aprender a referir-se ao sentimento alheio sem julgar, avaliar ou criticar os atos ou o jeito do outro.
O instrutor deve chamar a atenção do grupo para o fato de que qualquer pensamento ou sentimento pode ser expresso, desde que de forma respeitosa. É importante que os participantes percebam que frases agressivas ou em tom de acusação impedem o outro de ouvi-las, gerando uma atitude defensiva ou de ataque. A maneira mais eficiente de nos fazermos ouvir é expressar nossos sentimentos evitando julgamentos ou interpretações.
PERCEBENDO O GRUPO
Objetivo: Promover a comunicação entre todos os participantes do grupo.
Material: Papel ofício e lápis.
Grupo em círculo, sentado. Cada participante recebe uma folha de ofício em branco, escrevendo o seu nome no alto dela. A um sinal do instrutor, todos passam a folha para o vizinho da direita, para que este possa escrever uma mensagem para a pessoa cujo nome se encontra no alto da folha. Assim, sucessivamente, todos escrevem para todos até que a folha retorne ao ponto de origem. Fazer a leitura silenciosa das mensagens recebidas. Plenário: comentar com o grupo o seu trabalho:
- O que foi surpresa para você?
- O que já esperava?
- O que mais o (a) tocou?
Esta atividade é muito rica e possibilita a participação de todos os componentes do grupo. A sua aplicação na se esgota nessa temática, podendo ser utilizada, também, na finalização de uma etapa de trabalho ou mesmo na conclusão do grupo. É uma atividade que pode ser repetida em fases diversas do processo grupal, como forma de facilitar a comunicação e avaliar as relações entre os componentes.
PERCEPÇÃO
VIU ?
Objetivo: Percepção visual, atenção e extrapolar limites.
Formar duas filas, uma de frente para a outra. Os pares deverão observar durante 1 minuto o seu parceiro, após este período, todos viram de costas para seu par e trocam de posição algum objeto que estiver usando. Haverá várias rodadas e os objetos trocados não deverão ser consertados até o final da atividade.
RÓTULO
Objetivo: Percepção e pré-conceito.
Material: Etiquetas adesivas, com uma frase para cada participante do grupo.
Se a turma for grande, dividi-la em grupos de aproximadamente 5 integrantes. Coloca-se na testa de cada participante um rótulo com uma frase e peça ao grupo para agir com cada um de acordo com o que está escrito no rótulo.E A pessoa não fica sabendo o que está em sua testa, mas terá que identificar qual o seu rótulo, a partir do comportamento do grupo.
Observações:
Exemplos de frases para os rótulos:
- Estou carente.
- Sou mentiroso.
- Sou o dono do saber.
- Sou muito inteligente.
- Falo demais.
- Estou nervoso.
- Não ligo para nada.
COMO PERCEBO A REALIDADE?
Objetivo: Perceber que a realidade possui vários ângulos.
Material: Cópias da figura em anexo.
Distribuir entre os participantes cópias da figura. Pedir a cada um que observe o desenho e diga o que está vendo. Dividir o grupo em dois: de um lado aqueles que vêem a moça, de outro aqueles que vêem a velha.
Pedir a cada grupo que escolha alguém para defender a imagem que o grupo percebeu. Deixar que cada um tente convencer o outro de que a imagem que está vendo é real. Após alguns instantes, orientar para que voltem ao grupão. Orientar o grupo para que todos percebam as duas imagens (moça e velha). Discutir a importância de perceber a realidade sob vários ângulos e que para perceber o que o outro defende tem de se olhar do ponto de vista dele; isto não significa abrir mão daquilo que acredito, apenas que posso compreender um ponto de vista diferente do meu.

domingo, 23 de janeiro de 2011

SERÁ QUE...
 
Outro dia folheando uma revista estrangeira deparei com um artigo muito interessante sobre os acontecimentos mundiais mais extraordinários de nosso século.
O progresso da ciência, do rádio, as duas grandes guerras, o acréscimo de ovos vocábulos aos dicionários, a completa mudança de hábitos, de educação e até do amor.
Um trecho do aludido artigo dedicava-se ás grandes descobertas e havia uma referência toda elogiosa a Santos Dumont. Ainda mais atenta, continuei a leitura quando meus olhos espantados viram o seguinte: Santos Dumont, em 1906 foi o primeiro europeu, a executar um vôo controlado!
Que petulância, chamar Santos Dumont de europeu!
Como é triste se pensar que o nosso Brasil tão grande em extensão é tão pequeno em divulgação!
Será que o Brasil, apesar da incerteza total da atualidade, de uma nova guerra em perspectiva, de todos os “ismos” a perturbar o progresso, não venha algum dia a ocupar um lugar de destaque entre as grandes potências do universo?
Será que a nossa capital chegará a ser o centro de turismo, os nosso costureiros os ditadores da moda, as nossas universidades as mais afamadas do mundo?
Será que os nosso astros e estrelas de cinema virão veranear nas granfiníssimas praias cariocas, descansar no sertão de mato Grosso, praticar esportes em Minas Gerais?
Será algum dia o nosso cruzeiro terá o valor de um dólar, o aço de Volta redonda será o melhor do mundo, o petróleo da Bahia será exportado em grandes navios petroleiros, o cacau, o café abastecerão o resto do mundo?
Já pensaram nisso?
ESQUECER
Há dias em que desejamos esquecer alguma coisa e no entanto isso não nos sai da mente.
Hoje, por exemplo, queria esquecer que tinha esta crônica para escrever, porém, por mais que me distraia, que olhe o céu azul, a praia calma, o mar bem verdinho, apalavra Crônica com C maiúsculo não me sai da mente.
            Então, esqueço que não tenho assunto, que todos os noivados já foram participados, os nascimentos anunciados, festas comentadas e armadas de lápis e papel venho cumprir minha obrigação, encher um espaço de vinte linhas datilografadas com um assunto de interesse social.
Começo a rabiscar o que me vem na mente, esqueço o jornal, os leitores e a maldita Crônica vai tomando forma.
No primeiro parágrafo é ainda um bebê de passos incertos, no segundo é um brotinho volúvel que não sabe o que      quer e daí para diante é uma             "balzaquiana"  frívola, inconstante, indefinida.
Até chegar aí já consegui uma crônica de tamanho aceitável.
E para finalizar, o remédio é pedir desculpas aos leitores, e um pouco de indulgência e auxílio. Sim! Quando ficarem noivos, quando a cegonha trouxer um bebê quando a maninha fizer quinze anos, quando os “papás” completarem bodas de prata, enfim, quando acontecer algo de formidável na família, avise a Maria Patrícia e ela nunca mais escreverá crônicas como esta.
 
Canção
Não te fies do tempo nem da eternidade,
que as nuvens me puxam pelos vestidos,
que os ventos me arrastam contra o meu desejo!
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã morro e não te vejo! Não demores tão longe, em lugar tão secreto,
nácar de silêncio que o mar comprime,
ó lábio, limite do instante absoluto!
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã morro e não te escuto! Aparece-me agora, que ainda reconheço
a anêmona aberta na tua face
e em redor dos muros o vento inimigo...
apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã morro e não te digo...
Reprodu��o de Pintura

Óleo de Maria Helena Vieira da Silva
Mulher ao Espelho
publicado em MAR ABSOLUTO - 1945.
Hoje, que seja esta ou aquela,
pouco me importa.
Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta.
Já fui loura, já fui morena,
Já fui Margarida e Beatriz,
Já fui Maria e Madalena.
Só não pude ser como quis.
Que mal faz, esta cor fingida
do meu cabelo, e do meu rosto,
se tudo é tinta: o mundo, a vida,
o contentamento, o desgosto?
Por fora, serei como queira,
a moda, que vai me matando.
Que me levem pele e caveira
ao nada, não me importa quando.
Mas quem viu, tão dilacerados,
olhos, braços e sonhos seus,
e morreu pelos seus pecados,
falará com Deus.
Falará, coberta de luzes,
do alto penteado ao rubro artelho.
Porque uns expiram sobre cruzes,
outros, buscando-se no espelho.
Canção
Nunca eu tivera querido
dizer palavra tão louca:
bateu-me o vento na boca,
e depois no teu ouvido.
Levou somente a palavra,
deixou ficar o sentido.
O sentido está guardado
no rosto com que te miro,
neste perdido suspiro
que te segue alucinado,
no meu sorriso suspenso
como um beijo malogrado.
Nunca ninguém viu ninguém
que o amor pusesse tão triste.
Essa tristeza não viste,
e eu sei que ela se vê bem...
Só se aquele mesmo vento
fechou teus olhos, também...

Guitarra
"Punhal de prata já eras,
punhal de prata!
nem foste tu que fizeste
a minha mão insensata.
vi-te brilhar entre as pedras,
punhal de prata!
- no cabo flores abertas,
no gume, a medida exata,

exata, a medida certa,
punhal de prata,
para atravessar-me o peito
com uma letra e uma data.

A maior pena que eu tenho,
punhal de prata,
não é de me ver morrendo,
mas de saber quem me mata."
imagem frontispício Poema dos Poemas
A chuva chove...
A chuva chove mansamente...como um sono
Que tranquilize, pacifique, resserene...
A chuva chove mansamente...Que abandono!
A chuva é a música de um poema de Verlaine... E vem-me o sonho de uma véspera solene,
Em certo paço, já sem data e já sem dono...
Véspera triste como a noite, que envenene
A alma, evocando coisas líricas de outono..."

TEXTOS DE LEITURA E POESIA

Aqui está minha vida.
Esta areia tão clara com desenhos de andar
dedicados ao vento.
Aqui está minha voz,
esta concha vazia, sombra de som
curtindo seu próprio lamento
Aqui está minha dor,
este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.
Aqui está minha herança,
este mar solitário
que de um lado era amor e, de outro, esquecimento.
desenho
Cecília Meireles, em desenho de Apard Szènes
CECÍLIA MEIRELES

"Cecília levita, como um puro espírito...Por isso ela se move, "viaja", sonha com navios, com nuvens, com coisas errantes e etéreas, móveis e espectrais, transformando em pura poesia essa caminhada. Uma das excepcionalidades de Cecília Meireles: a composição de uma poesia densamente feminina, não apenas a poesia feita por alguém que é mulher, mas obra de mulher, de um sem número de perspectivas sobre as coisas que os homens não teriam, poesia na qual uma das grandes forças é a delicadeza, e delicadeza de poeta, que transfigura a vida em canto..."
Ana Cristina Cesar

Ex Libris
Ex-Libris de Cecília Meireles
Na faixa inferior:
"... como uma cegonha que sonha, que sonha e sonha..."
Renúncia
Sê o que renuncia
Altamente:
Sem tristeza da tua renúncia!
Sem orgulho da tua renúncia!
Abre a tua alma nas tuas mãos
E abre as tuas mãos sobre o infinito.
E não deixes ficar de ti
Nesse último gesto!
"Nasci no Rio de Janeiro, três meses depois da morte do meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas ao mesmo tempo me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno. Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento da minha personalidade."
Cecília Meireles

Foto Cecília Meireles
Cecília Meireles nasceu no Rio, em 7 de novembro de 1901, mesma cidade em que morreu, a 9 de novembro de 1964. A menina foi criada pela avó materna, Jacinta Garcia Benevides.
Cântico IV
Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde, foi nessa área que os livros se abriram e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano.
Cecíclia Meireles

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Trava Línguas

Tinha tanta tia tantã.

Tinha tanta anta antiga.

Tinha tanta anta que era tia.

Tinha tanta tia que era anta.

O sabiá não sabia.

Que o sábio sabia.

Que o sabiá não sabia assobiar.